oms liga transportecoletivo à saúde
É de conhecimento de todos que um sistema de mobilidade urbana que privilegia
os transportes coletivos com redes de corredores de ônibus e metrô - e o uso de bicicletas traz
Inúmeras vantagens, como a garantia do direito de ir e vir, menores gastos públicos em várias áreas e mais qualidade de vida com a redução do trânsito e da poluição.
Mas é possível dimensionar esses ganhos às pessoas? A Organização Mundial da Saúde
(OMS) realizou levantamentos que mostram que o transporte coletivo vai além dos benefícios de reduzir problemas como os gerados pela poluição. Os trabalhos, coordenados pelo Dr. Carlos Dora, revelam que uma rede de transportes públicos e de ciclovias eficientes interfere em muito mais áreas da saúde do que se imaginava e pode também ajudar no combate a problemas como estresse, sedentarismo e obesidade, que custam milhões de vidas por ano.
Coordenador de Ambientes Saudáveis da OMS para Departamentos de Saúde, Carlos Dora usou os dados de mais de 300 estudos mundiais sobre saúde, mobilidade urbana, planejamento e gestão urbana, urbanismo e arquitetura. Foi possível estabelecer relações incríveis que mostram que transporte coletivo priorizado não é apenas uma necessidade urbana, e sim uma necessidade humana.
De acordo com as revisões desses estudos, vários problemas poderiam ser reduzidos de maneira significativa com menos carros nas ruas.
Confira alguns:
• Acidentes: por ano, a OMS calcula que 1,2 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito. O número pode ser reduzido toda vez que um corredor de ônibus é construído e as pessoas optam por deixar o carro em casa. Quanto mais corredores, menos carros e menos acidentes.
• Inatividade física e obesidade: quem anda de transporte coletivo gasta por dia, em média, 350 calorias a mais em comparação com quem faz o mesmo percurso de carro. A OMS aponta que, por ano, devido a problemas agravados pela inatividade física, como diabetes e hipertensão arterial, 19 milhões de pessoas morrem. Cerca de 3,2 milhões estavam aparentemente saudáveis e apresentavam poucos sintomas, mas não caminhavam, não pedalavam e só faziam atividades físicas esporadicamente.
• Poluição do ar: A OMS releva que anualmente, dois milhões de pessoas morrem por causa da poluição do ar. Em todo o mundo, a frota de automóveis é responsável por 68% dos poluentes na atmosfera. Se forem consideradas as áreas urbanas, os automóveis são responsáveis por 90% da poluição do ar.Dora defende que as políticas públicas em todo o mundo precisam de fato levar os transportes coletivos e o deslocamento por bicicleta a sério. De 2002 a 2004, 66% dos empréstimos do Banco Mundial para intervenções relacionadas a transportes foram para construções de vias ou rodovias voltadas para o trânsito comum. A minoria dos recursos foi para corredores do ônibus, metrô e ciclovias que ofereçam de fato segurança a quem opta por se deslocar de bicicleta. “Um sistema de transporte público, como o BRT, pode gerar redução na poluição do local onde é instalado, pois pode ter como resultado menos congestionamentos, menos pessoas usando carros”, finaliza Dora.
Fonte: Revista NTU Urbano